Faz exactamente 505 anos, nos dias 19, 20 e 21 de Abril de 1506, que um
cataclismo se abateu sobre Lisboa. A alma da Capital do Império sofreu
um abalo tão grande – senão mesmo maior – quanto aquele que a haveria de
destruir em 1755. Durante três dias, em nome de um fanatismo
sanguinário, mais de 4 mil pessoas perderam a vida numa matança sem
precedentes em Portugal.
Contam os testemunhos que tudo terá começado na Baixa, no dia 19 de
Abril de 1506, um domingo, na Igreja de São Domingos, quando alguém
gritou ter visto o rosto do Cristo crucificado iluminar-se
inexplicavelmente no altar. Em redor, gente que rezava pelo fim da seca
prolongada que grassava pelo país clamou que era milagre. Entre eles, um
judeu convertido à força terá tentado explicar que a luz que emanava do
crucifixo era apenas um reflexo de um raio de sol que entrava por uma
fresta. Terão sido as suas últimas palavras. Arrastado para a rua, o marrano
e um irmão seu foram espancados até à morte. Os seus corpos mutilados
foram arrastados para o Rossio e queimados em frente dos Estaus.
Eles eram apenas os primeiros de entre mais de 4 mil mortos – anussim, judeus portugueses, homens, mulheres e crianças, assassinados em três dias sangrentos.
Incitada por frades dominicanos, a multidão que entretanto se aglomerara
decide partir em direcção da Judiaria, gritando “morte aos judeus” e
“morram os hereges”.
Portugal também??? Para o Hitler ainda faltava muito!
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